quarta-feira, 4 de abril de 2012

Na Praia

McEvan, Ian. Na Praia. Companhia das Letras; São Paulo / SP; 2007; 128 páginas.
 
Breve relato do autor:

Ian McEwan nasceu em 1948, em Aldershot, Inglaterra. Publicou duas coletâneas de contos e uma dezena de romances. Conquistou entre outros prêmios, o Whitbread Award, em 1987, e o Booker Prize, 1998.

Dados da obra:
 
Em 1962, na Inglaterra Edward e Florence, se casam virgens e vão passar a lua de mel na praia de Chesil, perto do Canal da Mancha. No hotel, as coisas não acontecem como planejado em razão da educação dos jovens na época, marcada pela repressão moral vitoriana, suscitando assim um grande desencontro entre ambos.

Passagens:

... Em teoria, podiam abandonar seus pratos, agarrar a garrafa de vinho pelo gargalo, correr até a praia, livrar-se dos sapatos e exultar de tanta liberdade. Ninguém no hotel haveria de impedi-los. Afinal, eram adultos em férias, livres para fazer o que bem entendessem. Em poucos anos, seria o tipo de coisa que todo jovem faria. Mas, por enquanto, a época os retinha. Mesmo quando Eduard e Florence estavam a sós, mil regras não ditas continuavam a se impor. Era precisamente por serem adultos que não se entregavam a infantilidades como abandonar no meio uma refeição que outros se deram ao trabalho de preparar. Era hora do jantar, apesar de tudo. E ser infantil ainda não era louvável nem tinha entrado na moda.

Apesar da sensação prazerosa e do alívio, continuava apreensiva, um muro alto, não muito fácil de demolir. Nem ela queria que fosse. A despeito da novidade, não se achava num estado de entrega arrebatada, nem pretendia se apressar nessa direção. Queria demorar-se nesse momento largo, sob a completa proteção das roupas, o olhar castanho e sereno, as carícias afetuosas e o frêmito em expansão. Mas sabia que isso era impossível e que, como todos diziam, uma coisa teria de levar a outra.

Ela não estava segura, mas sabia qual o caminho que tomava. “Você está sempre me forçando, me forçando, querendo tirar alguma coisa de mim. Nunca podemos apenas ser. Nunca podemos apenas ser felizes. Tem sempre essa pressão. Você sempre quer alguma coisa a mais de mim. Essa engambelação interminável.”

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