terça-feira, 11 de outubro de 2011

About 11 de setembro

Spiegelman, Art. À sombra das torres ausentes. Companhia das Letras – São Paulo / SP; 2004; 44 páginas.
Dados da obra:
No livro, o autor conta sua experiência nos atentados de 11 de setembro, traduzida em uma obra no formato 25,4 x 35,6, apresentando dez pranchas, com cada história em páginas duplas, no mesmo formato das primeiras HQs publicadas em jornal, no início do século XX.
Breve relato do autor:
Art Spiegelman é ilustrador, cartunista e autor de histórias em quadrinhos americano, embora sueco de nascimento. Em 1992, ganhou o prêmio Pulitzer com uma história em quadrinho: Maus, romance gráfico em que narra a luta de seu pai, um judeu polonês para sobreviver ao Holocausto.

Passagens:    
 
“Eu estava na escola procurando Nadja quando a primeira torre caiu. Parecia o fim do mundo.
Falei que a outra torre caiu bem atrás da gente? Foi impressionante.
Aquelas caixas eram arrogantes, mas agora sinto falta das sacanas, ícones de uma era inocente.
Se não fosse toda a tragédia e morte, eu poderia dizer que foi uma crítica arquitetônica radical.
Quer dizer, não é que eu adore o meu nariz...
Só não que enfiem um maldito avião nele!”

“O tempo passa, ele consegue pensar em si mesmo na primeira pessoa de novo. Mas lá dentro as torres ainda queimam. Os gorilas assassinos não aprenderam nada com as torres gêmeas de Auschwitz e Hiroshima... e nada mudou no 11 de setembro.
Seu ordenado de ‘presidente’, suas guerras e guerras contra salários – o mesmo negócio mortal de sempre.
Enquanto isso, o sentimento de derrota domina um macaco obsessivo e paranóico.”

“As torres tomaram um vulto bem maior que o real...
mas parecem diminuir a cada dia...
Feliz aniversário.”

“Leituras de poesia pareciam tão freqüentes quanto o som das sirenes de polícia após 11 de setembro. Os novaiorquinos ouviam poesia para dar voz a sua dor: a cultura servia para reafirmar sua fé numa civilização ferida. Acho que ouvi ‘1º de setembro de 1939’, de Auden, uma dúzia de vezes naquelas semanas, mas minha mente não sossegava. Música tão pouco me aliviava, pois me parecia algo obscenamente delicioso. Os únicos produtos culturais que venciam minhas defesas e afastavam de meus olhos e meu cérebro as imagens das torres em chamas eram velhas tiras de quadrinhos; criações efêmeras, vitais, despretensiosas do início otimista do século XX.”

“Uma página silenciosa de 1936 mostra Krazy uivando na paisagem desértica de Coconino Country. Kop se une a Kat para formar um duo, depois Mrs. Kwak Wak vem formar um trio. Uma nota extraviada despenca do quadrinho; os três confabulam e veem que tem de unir-se a Ignatz em sua cela para formar um quarteto. O material é profundo. Depois do ataque me veio à mente como uma pedrada no meio da testa: no fundo diz que todo Paraíso tem sua serpente e que temos de aprender a viver em paz com a tal serpente! Ainda estou tentando chegar lá...”

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