Andrade, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar. Globo;
São Paulo / SP; 1991; 107 páginas.
Breve
relato do autor:
Oswald de Andrade foi um escritor,
ensaísta e dramaturgo brasileiro. Foi ainda um dos promotores da Semana de Arte
Moderna, que ocorreu em 1922, em São Paulo, e considerado pela crítica como o
elemento mais rebelde do grupo.
Dados
da obra:
Memórias
sentimentais de João Miramar é
um romance publicado em 1924 e que inclui uma mescla de gêneros. O livro é
composto por 163 fragmentos, escrito em diversos estilos. O romance acompanha a
vida de João Miramar, uma espécie de caricatura do homem paulistano das classes
mais abastadas, à época da juventude de Oswald de Andrade.
Passagens:
Gare
do infinito
Papai estava doente na cama e vinha
um carro e um homem e o carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que
fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na
janela.
No desabar do jantar noturno a voz
toda preta de mamãe ia me buscar para a reza do
Anjo que carregou meu pai.
Anjo que carregou meu pai.
Sal
o may
Os cabarés de São Paulo são
longínquos
Como virtudes
Automóveis
E o pisca-pisca inteligente das
estradas
Um soldado só para policiar minha
pátria inteira
E o gru-gru dos grilos grelam gaitas
E os sapos sapeiam sapas sopas
No alfabeto escuro dos brejos
Vogais
Mobilização
Higienópolis encheu-se às cornetadas
da falência e desonra. Meu folhetim foi distribuído grátis a amigos e criados.
E a tia Gabriela sogra granadeira grasnou graves grosas de infâmias.
Entrava doméstico para comer e
dormir longe de Célia. Os criados eram garçons de restaurante.