terça-feira, 7 de maio de 2013

Tempo de reportagem

Dantas, Audálio. A prática da reportagem. Leya. São Paulo / SP; 2012; 287 páginas.

Breve relato do autor:

Audálio Dantas é um jornalista brasileiro que foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo à época do assassinato pela ditadura militar do jornalista Vladimir Herzog. Foi ainda o primeiro presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e deputado federal. Atualmente Audálio é vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e diretor executivo da revista Negócios da Comunicação.

Dados da obra:

Tempo de reportagem reúne 13 reportagens e 13 reflexões sobre o reportar. Dos trabalhos publicados, conta com algumas das melhores produções de Dantas, do final da década de 1950 até meados dos anos de 1970, em revistas como a popularíssima O Cruzeiro e a mítica Realidade, além de um texto especial para a revista Playboy, em 1993. Em textos inéditos, o autor faz uma reflexão sobre os bastidores da apuração dos fatos e sobre os desafios de transformar vida em texto jornalístico - suas escolhas, seus erros, suas dúvidas

Passagens:
 
“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer.” (Graciliano Ramos).

– A verdade eu digo e não piso nela, senão escorrego e caio.
Quando escrevi o texto, dias depois daquele encontro na caatinga, não conseguia deixar de remoer a frase de Bruega. Ela poderia constar de um manual de redação qualquer.

No rosto marcado da mulher havia apenas tristeza. A menina morta em cima de um banco de madeira era o sétimo anjo da casa onde nasceram dez. Já não havia lágrimas para ela. Só a tristeza sem muita expressão no rosto da mãe, uma velha de 26 anos. Foi um dos primeiros casos que o Dr. Victor acompanhou. Ele teve a impressão nítida de que ali ninguém dava importância à morte de uma criança, a morte encarada sem muita emoção porque frequente e farta.
– Morreu de quê?
– Doença de menino.

Audálio: Um dos segredos acho que está colocado na frase do Acácio Ramos. “Repórteres são seres que perguntam. Não basta perguntar. É preciso, primeiro, saber por que está perguntando; segundo, saber perguntar (risos); e terceiro, conferir se a resposta está correta. Porque, se não tiver certeza disso, o repórter corre pelo menos o risco de passar à frente uma coisa que não seja verdadeira. Mas posso contar uma historinha do Bruega?”

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