Dantas, Audálio. A prática da reportagem. Leya. São Paulo / SP; 2012; 287 páginas.
Breve
relato do autor:
Audálio Dantas é um jornalista brasileiro que foi
presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo à época do
assassinato pela ditadura militar do jornalista Vladimir Herzog. Foi ainda o
primeiro presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e deputado
federal. Atualmente Audálio é vice-presidente da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) e diretor executivo da revista Negócios da Comunicação.
Dados da
obra:
Tempo de
reportagem reúne 13 reportagens e 13 reflexões sobre o
reportar. Dos trabalhos publicados, conta com algumas das melhores produções de
Dantas, do final da década de 1950 até meados dos anos de 1970, em revistas
como a popularíssima O Cruzeiro e a
mítica Realidade, além de um texto
especial para a revista Playboy, em
1993. Em textos inéditos, o autor faz uma reflexão sobre os bastidores da
apuração dos fatos e sobre os desafios de transformar vida em texto
jornalístico - suas escolhas, seus erros, suas dúvidas
Passagens:
“A
palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi
feita para dizer.” (Graciliano Ramos).
– A
verdade eu digo e não piso nela, senão escorrego e caio.
Quando
escrevi o texto, dias depois daquele encontro na caatinga, não conseguia deixar
de remoer a frase de Bruega. Ela poderia constar de um manual de redação
qualquer.
No rosto
marcado da mulher havia apenas tristeza. A menina morta em cima de um banco de
madeira era o sétimo anjo da casa onde nasceram dez. Já não havia lágrimas para
ela. Só a tristeza sem muita expressão no rosto da mãe, uma velha de 26 anos.
Foi um dos primeiros casos que o Dr. Victor acompanhou. Ele teve a impressão
nítida de que ali ninguém dava importância à morte de uma criança, a morte
encarada sem muita emoção porque frequente e farta.
– Morreu
de quê?– Doença de menino.
Audálio: Um dos segredos acho que está colocado na frase
do Acácio Ramos. “Repórteres são seres que perguntam. Não basta perguntar. É
preciso, primeiro, saber por que está perguntando; segundo, saber perguntar (risos); e terceiro, conferir se a
resposta está correta. Porque, se não tiver certeza disso, o repórter corre
pelo menos o risco de passar à frente uma coisa que não seja verdadeira. Mas
posso contar uma historinha do Bruega?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.