Melville, Herman. Bartleby, o escriturário. Editora Rocco; Rio de Janeiro / RJ; 1986;
100 páginas.
Breve
relato do autor:
Herman Melville foi escritor, poeta
e ensaísta estadunidense. Alcançou grande sucesso no início da carreira, mas
depois foi decaindo e morreu esquecido. Sua obra mais conhecida, e que se
tornou célebre após sua morte, é Moby
Dick.
Dados
da obra:
Bartleby, o escriturário (ou Bartleby, o escrivão) – Uma história de Wall Street é um conto, narrador, um advogado, contrata Bartleby para trabalhar como escriturário. Este, a princípio, se mostra prestativo, mais um dia, sem razão aparente, Bartleby se nega a atender um pedido do chefe, dizendo "Prefgiro não fazer", e repetindo o bordão a toda e qualquer solicitação do advogado.
Passagens:
Em resposta a um anúncio, apareceu
certa manhã no meu escritório um jovem, que se postou imóvel na soleira da
porta de entrada, toda aberta porque era verão. Ainda me parece estar vendo
essa figura – um lívido perfil, tristemente respeitável, incuravelmente
perdido! Era Bartleby.
Não é raro o caso de um homem que,
vendo-se contrariado de maneira tão inusitada e violentamente irracional,
comece a sentir estremecidas as suas mais profundas convicções. Principia, por
assim dizer, a suspeitar vagamente que a justiça e a razão, por mais que
estejam do seu lado, sempre parecem estar do lado contrário. Por consequência,
se se encontram presentes algumas testemunhas imparciais, volta-se para elas em
busca de algum apoio à sua mente vacilante.
Não há nada que mais irrite uma
pessoa séria do que a resistência passiva. Se o indivíduo que se depara com
essa resistência não for de má índole e se aquele que a adota não for
perfeitamente inofensivo, então o primeiro, nos seus momentos de boa paz, se
esforçará caridosamente em apreender pela imaginação o que parece inexplicável
ao seu raciocínio. Foi assim que passei a considerar mais atentamente a maneira
de ser de Bartleby. Pobre sujeito! Pensava eu, ele não é mal-intecionado; está
claro que não quer se mostrar insolente; seu aspecto demonstra nitidamente que
suas excentricidades são involuntárias. Ele me é útil. Posso me dar bem com
ele. Se o mando embora, na certa irá encontrar um patrão menos indulgente do
que eu, que o tratará com rudeza; e talvez até venha a morrer miseravelmente de
fome. Sim, eis uma forma pouco dispendiosa de usufruir deliciosamente da minha
autoestima.