sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Bartleby, o escriturário

Melville, Herman. Bartleby, o escriturário. Editora Rocco; Rio de Janeiro / RJ; 1986; 100 páginas.
 
Breve relato do autor:
 
Herman Melville foi escritor, poeta e ensaísta estadunidense. Alcançou grande sucesso no início da carreira, mas depois foi decaindo e morreu esquecido. Sua obra mais conhecida, e que se tornou célebre após sua morte, é Moby Dick.
 
Dados da obra:
 
Bartleby, o escriturário (ou Bartleby, o escrivão) – Uma história de Wall Street é um conto, narrador, um advogado, contrata Bartleby para trabalhar como escriturário. Este, a princípio, se mostra prestativo, mais um dia, sem razão aparente, Bartleby se nega a atender um pedido do chefe, dizendo "Prefgiro não fazer", e repetindo o bordão a toda e qualquer solicitação do advogado.
 
Passagens:
 
Em resposta a um anúncio, apareceu certa manhã no meu escritório um jovem, que se postou imóvel na soleira da porta de entrada, toda aberta porque era verão. Ainda me parece estar vendo essa figura – um lívido perfil, tristemente respeitável, incuravelmente perdido! Era Bartleby.
 
Não é raro o caso de um homem que, vendo-se contrariado de maneira tão inusitada e violentamente irracional, comece a sentir estremecidas as suas mais profundas convicções. Principia, por assim dizer, a suspeitar vagamente que a justiça e a razão, por mais que estejam do seu lado, sempre parecem estar do lado contrário. Por consequência, se se encontram presentes algumas testemunhas imparciais, volta-se para elas em busca de algum apoio à sua mente vacilante.
 
Não há nada que mais irrite uma pessoa séria do que a resistência passiva. Se o indivíduo que se depara com essa resistência não for de má índole e se aquele que a adota não for perfeitamente inofensivo, então o primeiro, nos seus momentos de boa paz, se esforçará caridosamente em apreender pela imaginação o que parece inexplicável ao seu raciocínio. Foi assim que passei a considerar mais atentamente a maneira de ser de Bartleby. Pobre sujeito! Pensava eu, ele não é mal-intecionado; está claro que não quer se mostrar insolente; seu aspecto demonstra nitidamente que suas excentricidades são involuntárias. Ele me é útil. Posso me dar bem com ele. Se o mando embora, na certa irá encontrar um patrão menos indulgente do que eu, que o tratará com rudeza; e talvez até venha a morrer miseravelmente de fome. Sim, eis uma forma pouco dispendiosa de usufruir deliciosamente da minha autoestima.