Moore, Alan; Gibbons, Dave.
Watchmen. Panini
Books. Barueri / SP; 2005; 412 páginas.
Breve
relato dos autores:
Alan Moore é um autor britânico de histórias em
quadrinhos. E Dave Gibbons é um artista, também britânico, de história em
quadrinhos.
Dados da obra:
Watchmen é uma série de história em quadrinhos escrita por
Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons. A trama é situada nos Estados Unidos
de 1985, um país no qual aventureiros fantasiados seriam realidade. O país
estaria vivendo um momento delicado no contexto da Guerra Fria e em via de
declarar uma guerra nuclear contra a União Soviética. Watchmen retrata os
super-heróis como indivíduos verossímeis, que enfrentam problemas éticos e
psicológicos, lutando contra neuroses e defeitos, e procurando evitar os
arquétipos e super-poderes tipicamente encontrados nas figuras tradicionais do
gênero.
Passagens:
Um corpo
vivo e um morto contém o mesmo número de partículas.
Estruturalmente
não há diferença discernível.
Vida e
morte são abstrações não quantificáveis, por que eu deveria me importar?
– Olha – eu disse – não faço ideia de como é escrever um livro. Tenho um monte de coisas na
cabeça que quero pôr no papel, mas o que eu abordo primeiro? Por onde começar?
Sem
levantar os olhos das caixas de detergente nas quais estava colando as
etiquetas de preço, Denise, de bom grado, ofereceu-me uma pérola de acumulada
sabedoria em sua voz repleta de entediada, mas benigna, condescendência:
– Comece pela coisa mais triste que você possa
imaginar e conquiste logo a compaixão do leitor. Depois disso, vá por mim, tudo
o mais fluirá sem esforço.
... Se
podemos aceitar que partes flutuantes de um fuzil são reais, também temos
ciência de que tudo que sabíamos ser verdadeiro talvez possa provavelmente ser
irreal. Essa intranquilidade peculiar é alguma coisa com a qual a maioria de
nós aprendeu a viver no decorrer dos anos, e ainda se faz presente.
Um mundo
cresce ao meu redor. Será que eu o estou moldando ou seus contornos
predeterminados guiam minha mão?
Em 1945,
bombas caem no Japão, engrenagens no Brooklyn, sementes do futuro são plantadas
negligentemente...
Sem mim
as coisas teriam sido diferentes. Se o gordo não tivesse esmagado o relógio, se
eu não o tivesse deixado na câmara... Sou eu o culpado, então? Ou o gordo? Ou
meu pai por escolher minha carreira? Qual de nós é responsável? Quem fez o mundo?
Talvez o
mundo não seja feito. Talvez nada seja feito. Talvez nada seja feito. Talvez
simplesmente seja, tenha sido, será eternamente...
... Um
relógio sem artesão.
Tigre,
Tigre
ardente açoite
Nas
florestas
da noite.
Que
imortal olho ou guia
Pode
captar-te a terrível simetria?
(William
Blake)
Mas ele
não disse o que o compele. Não é sua infância, sua mãe ou Kitty Genovese. Essas
coisas apenas o fizeram reagir à
injustiça do mundo.
Nada
disso o fez cruzar o limite.
Nada
disso o transformou em Rorschach.
É como se
o contato contínuo com os elementos mais deploráveis
da sociedade o tivesse tornado ainda mais
deplorável, ainda pior.
Se eu
pudesse convencê-lo de que a vida não é assim, de que o mundo não é assim...
Eu sei que não é.
A
existência é aleatória, sem padrão, a
não ser o que imaginamos depois de ficar olhando por muito tempo. Sem sentido, a não ser o que decidimos dar.
Não são
forças metafísicas vagas que moldam este mundo. Não é Deus quem mata as
crianças. Não é o destino que as trucida ou a sina que as dá de comer aos cães.
Somos
nós.
Só nós.
Eu me sento.
Olha a
mancha de Rorschach.
Tentei
fingir que parecia uma árvore frondosa, com sombras sobre ela, mas não
consegui.
A imagem
lembrava o gato morto que um dia encontrei, as larvas gordas e cegas que se
rastejavam, abrindo túneis freneticamente para longe da luz.
Mas mesmo
essa imagem é para evitar o verdadeiro horror.
O horror
é este: ao final tudo não passa de uma imagem de escuridão, vazia e sem
sentido.
Estamos
sozinhos.
Não
existe mais nada.
Não
enfrentes monstros sob pena de te tornares um deles, e se contemplas o abismo,
a ti o abismo também contempla.
(Friedrich
Wilheim Nietzsche)
Eu
questionava o sentido de tanta labuta,
o propósito do esforço sem fim, que leva a nada, deixando as pessoas vazias e
desiludidas...
...
deixando-as alquebradas.
Tudo bem,
admito que muita gente teve vida azarada, não realizou nada palpável, mas... mas será que nós temos
importância no conjunto do universo? Só a existência
da vida já não é algo significativo?
Em minha
opinião, ela é um fenômeno exageradamente valorizado. Marte se dá muito bem sem
um único microorganismo.
Mas o
mundo é tão cheio de pessoas, tão repleto desses milagres que eles se tornam
lugar-comum e nós os esquecemos...
Eu
esqueci.
Nós
contemplamos continuamente o mundo e ele se torna opaco às nossas percepções.
No entanto, encarado de um novo ponto de vista, ele ainda pode ser impressionante.
Vamos.
Enxugue as lágrimas, porque você é vida,
mais rara do que um quark e mais
imprevisível do que qualquer sonho de Heisenberg.
A argila na qual as forças que moldam a existência deixam suas impressões
digitais mais claras.
Enxugue
as lágrimas...
... E
vamos para casa.
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