Kafka, Franz. Carta
ao Pai. Editora Martin Claret. São Paulo / SP; 2012; 112 páginas.
Breve
relato do autor:
Franz
Kafka foi um dos maiores escritores de ficção do século XX. De origem judaica, ele
nasceu em Praga, Áustria-Hungria (atual República Checa), e escrevia em língua
alemã. O conjunto de seus textos – na maioria incompletos e publicados
postumamente – situa-se entre os mais influentes da literatura ocidental.
Dados da obra:
Publicado postumamente, Carta ao Pai é uma carta que Kafka escreveu para seu pai e que
nunca chegou a ser enviada. Foi escrita em 1919 e revisada diversas vezes antes
da morte do autor; nela, discorre sobre a relação conturbada com o pai, um
comerciante judeu, autoritário e de personalidade forte, que sempre impôs aos
filhos sua visão de mundo e que despertava em Kafka um conjunto de emoções
conflitantes, do ódio pungente à mais profunda admiração.
Passagens:
“Querido
pai:
Perguntaste-me
certa vez porque motivo eu afirmava que te temia. Como de hábito, não soube o
que te responder, em parte exatamente pelo temor que me infundes, e em parte
porque os pormenores que contribuem para o fundamento desse temor são em
demasia para que os possa manter reunidos, nem mesmo pela metade, durante a
palestra. E mesmo essa tentativa de responder-te por escrito ficará inconclusa,
porque, também ao escrever, o temor e os seus efeitos inibem-me diante de ti, e
a magnitude do tema está além de minha memória e compreensão...”
Com mais
acerto dirigias tua antipatia contra o fato de eu escrever e tudo quanto,
desconhecido para ti, se relacionava com essa atividade. Nela realmente, me
tinha eu tornado independente e afastado parcialmente de ti, mesmo quando a situação
fazia lembrar um verme que, amassado com o pé em sua parte traseira, parte com
a anterior e se arrasta para um lado. Sentia-me de certo modo seguro, podia
respirar, a aversão que logicamente sentias contra meus escritos me era
extremamente grata...
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