quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Harry Potter 5

Rowling, J. K. Harry Potter e a Ordem da Fênix. Editora Rocco; São Paulo / SP; 2003; 704 páginas.

Dados da obra:

Quinto livro da série, Harry Potter e a Ordem da Fênix é uma obra marcada pela tensão e pela complexidade. Potter já é um adolescente e aos poucos vai amadurecendo, tem crises e ataques de mau humor. O título faz menção a uma sociedade secreta envolvendo parte dos professores da Escola de Magia. Hogwarts se transforma em um horror e Harry terá de enfrentar as investidas de Voldemort sem a proteção de Dumbledore, já que o diretor é afastado da escola.

Breve relato da autora:

Joane Kathleen Rowling, ou simplesmente JK Rowling é uma escritora britânica de ficção, autora dos sete livros da famosa e premiada série Harry Potter e de três outros pequenos livros relacionados ao mundo dele.

Passagens:

“Era estranho estar parado ali na cozinha cirurgicamente limpa da tia Petúnia, ao lado de uma geladeira de último tipo e uma enorme tela de televisão, conversando calmamente com o tio sobre Lord Voldemort. A chegada de dementadores a Little Whinging parecia ter rompido o grande muro invisível que separava o mundo implacavelmente não-mágico da rua dos Alfeneiros e o mundo além. As duas vidas de Harry de alguma forma haviam se fundido e tudo virara de cabeça para baixo; os Dursley estavam pedindo detalhes sobre o mundo mágico, e a Sra. Figg conhecia Dumbledore; os dementadores estavam circulando por Little Whinging, e ele talvez nunca mais voltasse a Hogwarts. Sua cabeça latejou com mais força, doendo ainda mais.”

“Cada pensamento amargurado e cheio de rancor que Harry tivera no último mês foi saindo de dentro dele; sua frustração com a falta de notícias, a mágoa de que todos tinham estado juntos sem ele, sua fúria por estar sendo seguido e ninguém lhe informar – todos os sentimentos de que sentia uma certa vergonha extravasaram. Edwiges assustou-se com a gritaria e tornou a voar para cima do armário; Pichitinho, alarmado, soltou vários pios e voou ainda mais depressa ao redor das cabeças dos garotos.”

“Harry amarrou a cara e enterrou-a nas mãos. Não podia mentir para si mesmo; se tivesse sabido que o distintivo de monitor estava a caminho, teria esperado que viesse para ele e não para Rony. Será que isto o fazia tão arrogante quanto Draco Malfoy? Será que se achava superior a todos? Será que realmente acreditava que era melhor do que Rony?
Bom, Rony e Hermione estiveram comigo na maior parte do tempo, disse a voz na cabeça de Harry.
Mas não o tempo todo, argumentou Harry. Eles não lutaram contra Quirrell. Eles não enfrentaram o Riddle nem o basilisco. Eles não se livraram dos dementadores na noite em que Sirius fugiu. Eles não estiveram no cemitério, na noite em que Voldemort voltou...”
Mas talvez, disse a vozinha com imparcialidade, talvez Dumbledore não escolha os monitores porque eles vivam se metendo em situações perigosas... talvez ele os escolha por outras razões... Rony deve ter alguma coisa que você não tem...”

“Rony não pedira a Dumbledore para lhe dar o distintivo de monitor. Não era culpa de Rony. Será que ele, Harry, o melhor amigo de Rony no mundo, ia ficar emburrado porque não ganhara um distintivo, ia rir com os gêmeos às costas do amigo, estragar, para Rony, este momento em que, pela primeira vez, ele levava a melhor sobre Harry em alguma coisa?”

“Era estranho como os pertences dos dois pareciam ter-se espalhado desde que haviam chegado ali. Levaram quase a tarde inteira para reunir os livros e outras coisas largadas pela casa e guardá-las de volta nos malões de escola. Harry reparou que o amigo não parava de mexer no distintivo, primeiro colocou-o sobre a mesa-de-cabeceira, depois guardou-o no bolso da jeans, por fim tirou-o e ajeitou-o sobre as vestes dobradas, como se quisesse ver o efeito do vermelho sobre o negro. Somente quando Fred e Jorge apareceram e se ofereceram para prendê-lo à testa dele com um Feitiço Adesivo Permanente, é que ele o embrulhou carinhosamente nas meias castanhas e trancou-o no malão.”

“Harry não disse nada. Atirou a varinha sobre a sua mesa-de-cabeceira, despiu as vestes, enfiou-as com raiva no malão e vestiu o pijama. Estava farto daquilo; farto de ser a pessoa para quem todos olham e de quem falam o tempo todo. Se algum deles soubesse, se algum deles tivesse a mais pálida ideia do que era se sentir a pessoa a quem todas aquelas coisas aconteciam... A Sra. Finningan não fazia ideia, aquela burra, pensou com ferocidade.”

“Conhecera essa sala à época dos seus três ocupantes anteriores. Quando Gilderoy Lockhart a usara, tinha as paredes cobertas de fotos dele sorridente. Quando Lupin a ocupara, parecia que a pessoa ia deparar com alguma fascinante criatura das trevas em uma gaiola ou em um tanque, se aparecesse para visitá-lo. Na época do Moody impostor, a sala se enchera de instrumentos e artefatos para a detecção de malfeitos e dissimulações.
Agora, porém, estava completamente irreconhecível. As superfícies tinham sido protegidas por capas de rendas e tecidos. Havia vários vasos de flores secas, cada um sobre um paninho, e, em uma parede, havia uma coleção de pratos decorativos, estampados com enormes gatos em tecnicolor, cada um com uma laço diferente ao pescoço. Eram tão hediondos que Harry ficou mirando-os, paralisado, até a Profª Umbridge tornar a falar.”

“A mãe de Neville viera andando lentamente pela enfermaria de camisola. Já não tinha o rosto cheio e feliz que Harry vira na velha fotografia de Moody com os participantes da Ordem da Fênix inicial. Seu rosto estava fino e cansado agora, os olhos pareciam grandes demais e seus cabelos tinham ficado brancos, ralos e sem vida. Ela não pareceria querer falar, ou talvez não fosse capaz, mas fez gestos tímidos em direção a Neville, segurando alguma coisa na mão estendida.”

“– Somente os trouxas falam de ler mentes. A mente não é um livro que se abre quando se quer e se examina ao bel-prazer. Os pensamentos não estão gravados no interior do crânio, para serem examinados por qualquer invasor. A mente é algo complexo e multiestratificado, Potter, ou pelo menos a maioria das mentes é. – Deu um sorrisinho. – Mas é verdade que aqueles que dominam a Legilimência são capazes, sob determinadas condições, de penetrar as mentes de suas vítimas e interpretar suas conclusões corretamente. O Lorde das Trevas, por exemplo, quase sempre sabe quando alguém está mentindo para ele. Somente os peritos em Oclumência podem ocultar os sentimentos e lembranças que contradiriam a mentira, e conseguem dizer falsidades em sua presença sem serem apanhados.”

“Mas uma parte dele compreendia, mesmo enquanto lutava para se desvencilhar de Lupin, que Sirius nunca o deixara esperando antes... Sempre arriscara tudo para ver Harry, para ajudá-lo... se não saía do arco quando gritava por ele como se sua vida dependesse disso, a única explicação possível era que não podia voltar... era que realmente estava...”

“A sensação de culpa que enchia o peito de Harry como um parasita monstruoso e pesado agora se torcia e virava. Harry não conseguia suportar isso, não conseguia mais suportar ser quem era... nunca se sentira tão encurralado dentro do próprio corpo, nunca desejara tão intensamente poder ser outra pessoa, qualquer pessoa, ou...”

“Harry deu as costas ao diretor e ficou olhando decidido pela janela. Via o campo de quadribol ao longe. Sirius aparecera ali uma vez, disfarçado de cachorro preto e peludo, para poder vê-lo jogar... provavelmente viera ver se o filho era tão bom quanto o pai fora... Harry nunca lhe perguntara...”

“Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima... nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês... e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece... e um dos dois deverá morrer na mão do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar...”

“– Há uma sala no Departamento de Mistérios – interrompeu-o Dumbledore – que está sempre trancada. Contém uma força mais maravilhosa e mais terrível do que a morte, do que a inteligência humana, do que as forças da natureza. E talvez seja também o mais misterioso dos muitos objetos de estudo que são guardados lá. É o poder guardado naquela sala que você possui em grande quantidade, e que Voldemort não possui. Esse poder o levou a tentar salvar Sirius hoje à noite. Esse poder também o salvou de ser possuído por Voldemort, porque ele não poderia suportar residir em um corpo tomado por uma força que ele detesta. No fim, não teve importância que você não pudesse fechar sua mente. Foi o seu coração que o salvou.”

“Talvez a razão pela qual queria estar só fosse a sensação de isolamento desde a sua conversa com Dumbledore. Uma barreira invisível o separava do resto do mundo. Era – e sempre fora – um homem marcado. Apenas nunca entendera realmente o que isto significava...
E, no entanto, sentado ali à beira do lago, com o peso terrível da dor a oprimi-lo, com a perda de Sirius ainda tão sangrenta e recente em seu peito, ele não conseguia sentir nenhum grande temor. Fazia um dia ensolarado, os jardins à sua volta estavam cheios de gente que ria e, embora se sentisse distante deles como se pertencesse a uma raça à parte, ainda era muito difícil acreditar que sua vida tinha de incluir o assassinato ou nele terminar...
Ficou sentado ali muito tempo, contemplando a água, tentando não pensar no padrinho, nem lembrar que fora na outra margem diretamente oposta que Sirius uma vez tombara, tentando afastar cem Dementadores...
O sol já se pusera quando ele percebeu que sentia frio. Levantou-se e voltou ao castelo, enxugando o rosto na manga pelo caminho.”

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